soneto para aninha(ana rita galvão)
in memória
lembro seu olhar muito doce
sua ternura luminosa medica
cheia de vida e de graça você fez
da morte seu oficio e desvendava
nos corpos sem alma o percurso
da doença (e da velhice) essa formiga
que nasce conosco e nos consome (mas você
não viu a pústula o cancro com quem se casou
e tão covardemente interrompeu
sua trajetória de delicadeza e encanto)
seus poemas suas palavras seus gestos
eram maciços macios e perfumados e construíram
na família nos amigos e nos conhecidos uma cidadela
(inviolável) de lucidez suavidade e alegria