A LIRA DA MELANCOLIA

Cantarei neste poema a melancolia:

Um dia testemunhei artífices da terra

Resignarem-se a uma vida sem estrelas e luzernas.

Cantarei neste poema a melancolia:

Os dias e as noites amanheciam,

Mas continuava a tangê-los

A valsa da desvalia, do exíguo vento.

Cantarei neste poema a melancolia:

Nada de seu tinham

A não ser um vácuo cavalgando por dentro da barriga

E, num semblante sulcado, a fome da lida.

Canto, afinal, neste poema a melancolia:

A ausência de sunshine na sina daquela sertaneja gente nordestina

Lancina-me, até hoje, sadicamente as mentais retinas.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 12/04/2010
Código do texto: T2191836
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