Soterrados...


bem ali, sob olhares tristes e sem vida,
sob lajes, telhas, chuva, estrelas e vazio,
sob uma pilha de entulho vil e sombrio,
alguém sem casa pede ajuda, arrependida...

bem ali, sob a fúria atroz da natureza,
sob a tristeza muda e fria de bombeiros,
sob os trabalhos incansáveis de herdeiros,
alguém sem rosto pede ajuda, sem certeza...

bem ali, sob escombros podres da miséria,
sob os barrancos, pedras, lama e indigência,
sob o descaso insano de uma emergência,
alguém sem nome pede ajuda a uma bactéria...

- bem ali, sob o peso bruto da matéria,
alguém sem vida espera apenas por clemência...