O Sono Profundo
Aquele ser dormindo na calçada
É um ser de luz maior, melhor que eu;
Sobreviveu ao frio da madrugada
E aos restos que do lixo ele comeu!
Aquele ser vegeta, não é nada;
Tanto caminho torto percorreu...
Sua alma pequenina está cansada,
Seu corpo de menino nem viveu!
Armou-se em defesa contra o mundo
E fez da morte o seu lindo brinquedo
Já que da vida pouco lhe cabia...
Agora dorme o sono mais profundo;
Venceu a fome, a dor e o próprio medo:
- E nem morreu, posto que não vivia!