Um soneto perdido
O sol... às vezes em raios sobejos
Cava palavras quentes de desejos
Em mim!... E ponho-me a pensar em nós
Deitada em sonhos... sozinha em lençóis
Ah, poeta!... Pulsa-me cheio de braços
O coração ainda! E há mil espaços
Para amar, mesmo se o sol adormece
Ora, à noite minha pele estremece!
Vês as flores de tempos seculares?
Sempre estão enfeitando portas de lares!
Mas se o amor não acredita... o sol esfria
Desmaia a cor... Morre-me a luz do dia!
Sou apenas mais um soneto perdido,
Uma ave sem pouso sem abrigo!...