DELÍRIO HOSPITALAR
Arde em febre meu verso leniente,
falho de lucidez e de razão,
não cuidadoso e muito incoerente,
sem temer absurdo ou contradição.
Anima a vida alegre dos doentes,
eterna esperança na extrema-unção
e enquanto curtem as noites calientes,
deleitam-se com morfina e injeção.
Permanecer na cama e ser cativo;
antibiótico e soro, e um lenitivo:
A enfermeira jeitosa... Sonho bom!
Desses delírios, o que mais me intriga,
foi sonhar a boca cheia de formiga,
mas acordar melado de batom.