Térreo, por favor

Descerra as vidraças da cobertura,

Apareça, com o sol, ao amanhecer

Do alto do mundo, veja a amargura

De quem da labuta, retira o comer

Tragédia humana, não sobe elevador

Os coletivos esborrifam o operário

Molha o que vai, se molhar de suor

Só vê isto lá em cima, no imaginário

E quem colocou, o edifício no céu?

Teria colocado também asas em anjo?

No quadro urbano, quem fez o arranjo?

No fim da jornada, volta para o morro

Apesar de no alto, não é um arcanjo

Desaba com as pedras e pede socorro

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 28/03/2010
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