Térreo, por favor
Descerra as vidraças da cobertura,
Apareça, com o sol, ao amanhecer
Do alto do mundo, veja a amargura
De quem da labuta, retira o comer
Tragédia humana, não sobe elevador
Os coletivos esborrifam o operário
Molha o que vai, se molhar de suor
Só vê isto lá em cima, no imaginário
E quem colocou, o edifício no céu?
Teria colocado também asas em anjo?
No quadro urbano, quem fez o arranjo?
No fim da jornada, volta para o morro
Apesar de no alto, não é um arcanjo
Desaba com as pedras e pede socorro