Relâmpago

Passa-se a vida sob os olhos como um raio.

É o esvair do fôlego da criança que se faz velho.

Roubado pelo tempo, tenta fugir o gaio.

É o periélio a vida e a morte é o afélio.

Ah, se não houvesse mais relógios pra mim;

Diria ao tempo que o tempo acabou.

E não escravo mais seria do tempo que restou,

Que me empurra veemente direto até o fim.

Do que fazer desse estupor que a vida nos faz?

Horas felizes aos sorrisos que algo nos trás;

Horas desditosas aos prantos que a dor nos jaz...

É a vida, todo esse relâmpago de um prazer breve;

De conflitos amontoados que o poeta escreve

Para que fique algo antes que a morte o leve...

Washington Machado
Enviado por Washington Machado em 27/03/2010
Código do texto: T2163074
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