Poeta ao Mar !
Às vezes eu me sinto em meio a uma procela,
com ondas gigantescas sacudindo a nau,
que fica reduzida a frágil caravela
em que estala assustadoramente todo o vau.
E nesse pesadelo sofro e enfim acordo,
querendo que o despertar bons ventos traga
e que da próxima vez que suba a bordo
esteja manso o mar, se acalme a vaga.
Mas sei que na realidade o mar bravio
é um cenário irreal, que eu mesmo crio,
e onde mergulho atrás da inspiração.
E o que esta história de aventura encerra
é a imaginação de quem só vive em terra
e só conhece como porto a solidão.