A ESPERANÇA [CXC]
Quem não ousa, teimando, nem avança:
tem-se que, lá no ‘front’, abrir passagem.
Se me não ponho em pé, nem há viagem.
Já, por estas, convém ter-se esperança.
É preciso sonhar, sem ver visagem.
O ideal – para os tíbios – faz-se a lança.
Quando cavas caminho, em vida mansa,
mais careces de luta e de coragem.
A esperança, sem fim, só nos alenta,
desde que sem quimeras nem fumaças;
ela é flama do bem que em nós se assenta.
Ai dos que a não cultuam, de verdade!
Não cai dos céus e nem se a vê nas praças,
pois se esconde nos vãos da Humanidade.
Fort., 25/03/2010.