LUNAR
Lílian Maial
Lá fora, a lua sabe a altura dos meus sonhos,
E, em seu semblante, guarda a luz do meu amor.
Quem sabe, um dia, não verei, desse langor,
A poesia a iluminar olhos tristonhos.
Dependurada, esbelta e livre, está sozinha,
Tão solitária, que, de dó, chorei por ela.
Foi num lamento que me entrou pela janela,
De compaixão, acalentei a pobrezinha.
Por que será que todo mês a reconheço,
Nesse vestido, todo em rendas traiçoeiras,
Como uma noiva prometida sem altar?
Será que eu mesma não paguei tão alto preço,
De te esperar, vestida assim, a vida inteira,
Como essa lua, condenada a não amar?
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