FUGA
Não busco mais no amor realizar-me,
Por muito que sofri amando, outrora.
E fujo das paixões fortes. Embora
O sexo oposto ainda tenha charme.
A qualquer sentimento, soa o alarme
Que há em mim. E eu aborto-o, lanço-o fora.
Esta desconfiança, que em mim mora,
É o medo de que eu possa machucar-me.
Por isso em meu cantinho faço versos.
Pensamentos recônditos, submersos
Num mundo que é só meu. E encontro a paz.
Lá fora a vida chama, insiste. Mas
Prefiro o viver calmo, solitário
De um beta indiferente num aquário.