Soneto de Uma Vida
Vi cordilheiras, olhos cor de mata,
As oliveiras, minas, fartos grãos,
Colinas, pastos, castos cidadãos.
Eu pude ver no véu de uma cascata
Beijar as pedras águas cor de prata.
Vi nas geleiras como corrimãos
Tingir dourado o sábio sol nos vãos.
Na mão a uva, a chuva que arrebata,
O vinho, os lábios ávidos de vida.
Eu vi na vida a vida a toda brida...
Mas toda brisa à noite volta o vento
E assim também, se quer, vejo o arboreto,
É bruma agora o céu do meu soneto...
Há nele pedra, pasto e esquecimento.