DOR DO AMOR
Talvez eu não devesse amar-te tanto;
Amar-te tanto assim me é cruel,
A distância me faz banhar em pranto
E a saudade é amarga como o fel...
Mas que culpa tenho eu se teu encanto
Fez-me do teu amor apenas réu?
Se eu tento fugir e, no entanto,
Assim longe de ti eu vivo ao léu?
Só resta-me o destino tão perverso,
A sina tão comum de um poeta,
Que, enquanto chora o seu dissabor,
Desenrola os fios de cada verso,
Costura a saudade que o afeta
E borda no poema a dor do amor...