Miguel
Ele chega trajando uma camisa parda
Caminhando com a paciência dos séculos
Cabelo caído numa face sem cor
Escondendo em seu olho os fins dos milênios.
Sem armadura, espada ou cota de malha
Sentou ao meu lado, forçando um sorriso.
Pediu uma cerveja, meio descontente.
No sereno da mesa desenhou um círculo.
– Cansei de Guerras, – me disse o arcanjo,
– muito trabalho, o pagamento é pouco.
Já vi de tudo. Só falta ser humano.
– E a glória? – Depende do ângulo.
Sorriu de novo, pediu outra cadeira...
Encheu mais um copo. Jorge vem chegando.