Vida sem poesia
Vida sem poesia, convexo espelho de morte eterna
Ou côncavo de campos áridos, desarmonia em tela
Lambidas de áspera língua em eterna danação certa
Sombra de vida sem magia, olhar cego por terra.
Ter língua e não falar, ter estômago e não comer
Ter pernas e não andar, ter boca sem poder beber
Vida sem poesia, melhor a morte que assim viver
Por ver calar todos os dias a vontade de escrever.
Vida sem poesia atrofia e mata grandes idéias
Vicia olhares críticos, seca ou entope artérias
Ilude o discernimento, pré-fabrica opiniões...
E em sua morte repare musa forte reviver:
De mãe indiferenças, e de pai decepções
Poesia pura nasce, libertando corações.