ENTARDECER
Um último raio de sol espia a terra,
E vai adormecer, serena e lentamente,
É de paz e amor um hino no poente,
Um manto de noite a recobrir a serra.
Mas outro clarão um grito encerra,
Da infinda dor da sofredora gente
Que adormece mortal e cruelmente
Na feroz noite que se chama guerra.
Contra o trilar monótono dos grilos,
O matraquear raivoso das metralhas
Quebra o silêncio dos páramos tranqüilos.
Há sangue, risos loucos, miséria degradante,
Há o peso doloroso das mortalhas,
Há o sol adormecendo tão distante....