Silêncio

De ti não me restou palavra alguma,
história, ou mesmo ação benevolente;
não guardo tua imagem no presente.
Nenhuma frase expressa coaduna

a forma sem contexto, irreverente
da fala a desfazer-se, qual espuma:
quem vive de mentiras se acostuma
ao ponto em que até a verdade, mente.

E vivo num deserto ardente, seco,
com noites em que cai além de zero
o grau de solidão, justo no beco;

o ponto do discurso mais austero,
o falso adjetivo, o verbo peco,
o som que já não ouço, porém quero.


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