C I Ú M E S
C I Ú M E S
Sem tampa não há pote velho, raso ou fundo,
dizia a sogra idosa, com sã sapiência;
falava as vozes da sua longa vivência;
o saber antigo faz o sabor do mundo.
Une-se um homem à mulher com a influência
do belo e jovem corpo que seu olhar inunda;
vêm carências de amor e o gênio, se iracundo,
extravasa no homem ciúme e incoerência.
Por que, perguntam os fados, essa ilusão,
se todas elas perfazem igual função?
Por que a escolha do só belo em quem não confia?
Ciúme tem sabor de posse, não é amor;
é orgulho que fere o belo num corpo em flor;
embasa-se na honra para usar de energia.