EM LIBERDADE [CLXXXVII]
Pões ração na vasilha do canário,
ele aceita, porém catando os grãos;
natural que somente os muito sãos,
pois pássaro não quer dizer otário.
Mas é triste prender com tuas mãos
pobres aves que são do meio agrário,
tão cativas, comendo de um salário,
como fossem nocivos cidadãos.
Já por mim, soltaria as nossas aves;
tiraria as coitadas das gaiolas,
vez que feras humanas vão às ruas.
As cadeias, por si, já são entraves:
se o miúdo ladrão nem lhes dá bolas,
vai ser rico infrator a ter as suas?!
Fort., 11/03/2010.