O AMOR [CLXXXVI]

Pode ser que te pegue de emboscada,

num olhar fulminante, de momento,

ou, ainda, de vez, se, desatento,

estiveres no vau de uma sacada.

Ele nunca se nutre de argumento

– só se enreda na data não marcada;

surge, à tona, qual fosse aquela fada

que, no ar, assaltou teu pensamento.

Chega cedo, porém, às vezes, tarde;

temporão, mais intenso e tão nos arde

que se fixa à maneira sanguessuga.

Uma vez arranchado no sujeito,

sendo vero, profundo e muito a jeito,

um amor, nem querendo, bate em fuga.

Fort., 10/03/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 10/03/2010
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