A velha puta sonha quieta no seu quarto
Deitada e nua sobre a cama apodrecida,
Guarda no olhar toda frieza de um lagarto,
Sente na pele a decadência de uma vida...
 
Ela não chora (nem lamenta) arrependida,
Cuida somente pra evitar um novo infarto,
Ninguém a chama "nem brincando" de querida,
Na solidão faz de um aborto um novo parto...
 
Essa mulher que é tão carente de carinho,
Vende o seu corpo pra manter a sua família,
Como quem vende para o estranho leite ou vinho
E a preço baixo passa a noite em vigília...
 
- A velha puta sonha quieta no escurinho
E aos pés da cama, chora, reza e se humilha...