Caminhante
(De autoria do ilustre amigo e poeta Francisco Miguel de Moura, membro da Academia Piauiense de Letras, com a sua sede em Teresina - Piauí e da União Brasileira de Escritores - SP, dentre outras instituições de cultura.
Francisco Miguel de Moura, com a sua expressão sentimental e poética, sabe manter acesa a chama do sublime e do belo. Fico observando o ritmo, a musicalidade, a beleza melódica deste soneto, que mais parece uma canção romântica. Francisco Miguel de Moura conhece os segredos do ofício de escrever. É um autor de fino gosto, que enriquece as páginas da literatura).
No início, para trás eram meus passos,
mesmo assim alcancei quem se atrasou
mais do que eu, quem nada me escutou.
Meus pés doíam presos a alguns laços...
De rosto, a olhar em volta do ocidente,
jamais ouvi um som de voz alheia,
sem ver minhas pegadas pelas areia,
a curtir um passado inconsequente.
Fiz pecados tão poucos, rezei tudo.
Cansado de falar me tornei mudo,
de tanto acreditar fiquei descrente.
Atrasei-me de amor pelo vizinho,
mas descobri, agora, que sozinho
ainda posso dar passos para frente.