INCONFORMISMO [CLXXXII]
Não me jacta moldar-me ao só inverno;
pudera às vogas todas ser aberto,
tendo-te, lá no oásis de um deserto,
e te amando constante e sempre terno.
Das mutações, às vezes, passo perto,
pois que me vendo o ser não ser eterno,
nem na Terra, nos céus e nem no inferno,
vivo bem meu agora – assim, desperto.
Não me planto nas coisas vulneráveis,
sem, contudo, olvidar-me d’idas eras,
com ternura, com força e destemor.
Amo a gama de intensas variáveis:
já por esta razão, viver quimeras
– Deus me livre cantar sem teu amor!
Fort., 24/02/2010.