Quarta-Feira
Amor que nunca tive, poderias
Em um momento fugaz de lucidez
Mostrar – me a face, uma só vez
E libertar minha alma da agonia
Tantos vejo, a celebrar-te ao meu redor
Em pranto às vezes, mas o que importa?
Melhor estar ferida do que morta
E o lamento mais ferino sei de cor
Faz-me ver como é a vida com teus olhos
Sonhar um só, apenas, dos teus sonhos
Ou segar a carne sã em teus abrolhos
Por um breve instante, a tua essência
Faz-me sentir, como um sopro frente à chama,
Depois vá, deixa-me a sós com a inexistência.