Soneto do Vinho
SONETO XLI
Este vinho, contido em vossos lábios,
Senhora minha, é a divina ambrosia
Que os deuses nutre, os homens inebria,
E faz ver estrelas sem astrolábios.
Consultásseis antigos alfarrábios,
Veríeis que, de muito, já ardia
Vossa graça sobre a sabedoria
Que se revela da boca dos sábios.
E estas róseas carnes imantadas,
Nas quais, em meu ardor, procuro enlevo,
Meu peito ferem mais que mil espadas.
Mas, um segredo confessar-vos devo:
Diante deste encanto em que me quedo,
Quisera sugar todo este vinhedo.
Rio, Outubro de 2002