Um soneto de esperança
Por um momento, só por um momento,
Quisera eu com tais versos suspirar-te
Amor, mas da pena se carece a arte
Se ao peito carecer contentamento.
Busco inda em teus risos o meu alento
Em desagrado por não agradar-te;
Maltratado por só a ti bem tratar-te;
Preso ao malditoso sofrimento!
Mas a mor preciosidade humana
– Esperança! – jamais me abandona,
Porquanto digna Fortuna eu mereço.
Destarte, por ti, minha bela Dona,
[De quantas graças e lindeza ufana!]
Dedicado e amoroso permaneço!