SONETO SOBRE O NADA

Não sei exatamente o que falar agora,

Portanto resolvi escrever sobre o nada.

Começo retirando os minutos das horas;

Números, ponteiros, arranco e lanço fora.

Balanço cada página do meu diário

E junto meus poemas todos na lixeira.

Desmancho cada data do meu calendário

E guardo meus anseios vãos na geladeira.

Eu solto da janela as penas da saudade

E uma a uma apago as luzes do futuro.

No ralo do banheiro a razão atiro.

Enterro no quintal lembranças de amizade,

Depois na minha cama, no meu quarto escuro...

Deitado, fecho os olhos, esqueço e não respiro.

Frederico Salvo

Frederico Salvo
Enviado por Frederico Salvo em 20/02/2010
Reeditado em 20/02/2010
Código do texto: T2097826
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