LUCUBRAÇÃO
Nas caladas da noite, quando a insônia
Vem ter comigo na insistência atroz,
E o silêncio em sepulcra cerimônia
Abre as asas – sarcástico albatroz -,
Crio em minh’alma a estranha babilônia
De loucos sonhos, no corcel veloz,
E imbuído na fantasia errônea,
Cuido ouvir, do passado, meiga voz,
Como um sussurro ao dedilhar da lira:
- Amo-te ainda, ó meu doce bem!
Volta, minh’alma de paixão suspira.
Loucura apenas que da insônia vem!
Visão noturna! Tétrica mentira!
Eu nunca fui amado por ninguém!...