SONETO ONÍRICO
No rumo do corrupto firmamento
a chuva chove a sua chuva inata
e o cavalo de som de negro vento
verticalmente voa e se arrebata.
Entra a palavra azul num pensamento,
e um silêncio de vozes de desata;
crescem mares no tanque do momento,
surge a cada canto uma cascata.
Sombras intersexuais desfilam nuas,
carregando verônicas de luas
nas caprichosas mãos de lírios e árias.
Prados viúvos se vestem de namoro
e abrem as flores guarda-chuvas de ouro
sob o sol das piscinas planetárias.