Sobrevida

Percorrer o campo vasto das palavras,
Ter surpresas breves, sem sair da linha.
Entender as formas de expressão mais bravas,
Perceber, sem susto, o quanto são daninhas

A indiferença e a força com que cravas,
Na matéria instável, feita de entrelinhas,
A forte ironia que me torna escrava
Deste sofrimento, das tristezas minhas.

Esquecer que o verbo foi antes da luz
E temer que amar nos roube a lucidez,
Mas tecer a teia além desse horizonte...

Enterrar no limbo aquilo que reduz,
E comunicar ao mundo de uma vez:
-Sobrevive a voz (tão bem como era ontem).

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