TUA LUZ
A lâmina da tua graça diurna
falqueja sobre a noite mil imagens
que vão enchendo perecível urna
de pecúlios de brilhos e linguagens.
Aclaras este vácuo, o vento, a furna,
os destinos das naus sem equipagens
e vertes a parábola noturna
do alfabeto das últimas folhagens.
Também a mim fulmineamente feres,
e em teu escuro acendes, quando queres,
a condição de iluminar, que é tua:
tornas-me transeunte céu de rio,
traspassado de altura e de teu frio,
teu íntimo fulgor de espada e lua.