Soneto Ao Velho Amigo

Amigos antigos tornam-se hábito
E então o passado é, no presente,
Como sentir na pele a brisa, o hálito
De um mar já tão distante e, há muito, ausente...

E como mar passado é sossegado,
A brisa chega plácida na areia...
E o vento de ontem, quiçá tornado,
É na memória o sopro que passeia...

O sopro na memória faz o hábito,
Por isso amigo antigo é brisa, é hálito
E às vezes passa tão despercebido...

Mas brisa de mar lasso é mesmo assim:
Começa despercebida e, por fim,
Faz a vida transbordar de sentido...

Rio/Outubro/1999
***Dedicado à Tati