SEM PATRIOTADA* [CLXXVIII]

Com que cara de brasileiro otário

conduzes pés às festas da parada,

numa pátria a metade leiloada,

tanta gente sem prato e sem salário?

Mas, se o grito prospera já do nada,

teu qualquer sentimento libertário

vai romper as correntes do calvário

desta terra que foi colonizada.

O rumo que sonhamos os nativos

para o solo, o torrão dos ancestrais,

foi um porto seguro e grãos eventos.

Seja naco global, mas com motivos,

não latrina dos grandes capitais

– sesmaria de gringos avarentos.

(Agosto de 1998)

Fort., 14/02/2010.

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(*) O soneto nasceu sob inspiração do

“Grito dos Excluídos”, movimento

que, anualmente, por volta do Dia da

Independência, promove manifesta -

çoes que contestam a validade das pa-

radas militares, provável que ainda

por certo ranço contra a ditadura,

implantada em 1964. Notem o ano em

que foi escrito, em pleno desgoverno

do tucanato do rei FHC.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 14/02/2010
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