ELOGIO À MÃO [CLXXVII]
Após confins de léguas, a flanar, em vão,
eu marco um tento doido, inusitado e curto,
um sonetinho afoito como fosse um furto,
numa homenagem boba para a minha mão.
Com ela, corto o feno, planto o meu feijão,
ordenho vacas e, querendo, ainda curto
ceifar os gafanhotos, toda vez que há surto,
e pelo porco, e tiro sons de um violão.
A mão resulta como o ferro de trabalho;
com ela, a gente faz rondós, decepa a cana;
põe fogo nas coivaras, blefa no baralho.
E, por cima, bolina num desvão de seios,
mas, se está brava, a mão humana dá banana:
só dos ais à mulher a mão compõe ponteios.
Fort., 13/02/2010.