Mãos de Pilatos, mãos de Eurídice
As mãos que se omitiram como a de Pilatos
nunca se viram limpas consumado o fato
Ergueram em suor e sangue uma cruz
Misturou santo e ladrões com corpos nus
Mãos que colheram frutos, mão de operários
Que arrancam o sustento de míseros salários
Aprontam a mesa, acariciam toda a família
Norteiam o corpo da amada, em rude mobília
Mãos que quando entrelaçadas revelam a fé
Mãos que quando armadas aniquilam a fé
Que de tijolo em tijolo edifícios empilham
Carícias, mortes, escolas e morgues pelas mãos
Fazendo eternas esperanças e esperanças em vão
fizeram homens livres, mas homens elas encilham