Mãos de Pilatos, mãos de Eurídice

As mãos que se omitiram como a de Pilatos

nunca se viram limpas consumado o fato

Ergueram em suor e sangue uma cruz

Misturou santo e ladrões com corpos nus

Mãos que colheram frutos, mão de operários

Que arrancam o sustento de míseros salários

Aprontam a mesa, acariciam toda a família

Norteiam o corpo da amada, em rude mobília

Mãos que quando entrelaçadas revelam a fé

Mãos que quando armadas aniquilam a fé

Que de tijolo em tijolo edifícios empilham

Carícias, mortes, escolas e morgues pelas mãos

Fazendo eternas esperanças e esperanças em vão

fizeram homens livres, mas homens elas encilham

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 08/02/2010
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