Fantasmas
 
O poeta existe para a sua poesia:
a ela, se torce, retorce, dá sua seiva.
Se, a outrem, apresentar-se eiva,
uma nova entrega. Relê, revê, espia...
 
Na memória, com ela toda pronta;
no papel, extenua, entra em crise,
feita, às outras, lhe parece reprise,
mistura-se a fantasmas, faz afronta.
 
Ao declamá-la, recebe os palpites...
__ rima para carmim, não seria jasmim?
__ rimas com ar, espero que evites...
 
Ele não liga. Segue o ar perfumado,
aos vampiros, está bem acostumado.
Responde sóbrio: __ escrevo para mim...
 
Oswaldo Genofre


 
Inspirado no seguinte texto de Marlene Vieira Perez:
“O poeta ama a poesia, um fantasma que desce, dá a seiva e sobe e você sorve suga se extenua entra em crise; xinga escreve rápido como um raio e finalmente dorme e ela espia vampiresca, amanhã volto...Já nem sabemos se sugamos a poesia ou ela nos suga, seguimos sua aragem perfumada. Mas que praga! Não encontramos nada: só um fantasma num frasco com jasmim. Fiz agora. Salve. Muitas palmas pra mim”.
 
Oswaldo Genofre
Enviado por Oswaldo Genofre em 04/02/2010
Reeditado em 07/08/2011
Código do texto: T2069763
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