A marcha das horas
Sento num canto e assisto a marcha de um ponteiro
a repisar caminho que não leva a nada.
Esse relógio vive por um só roteiro
e nele as doze marcas nunca são mudadas.
Na vida o tempo passa, é sempre traiçoeiro
e não concede trégua ao longo da jornada.
Mas visto de um relógio nada é passageiro
e a corrosão do tempo fica mascarada.
Me vejo no visor e então sou visionário
e assim pressinto que algo vem dessa ciranda.
Na dança dos ponteiros sou retardatário.
Censuro aqui parado o tempo que comanda
o efeito no relógio que é seu mandatário.
Só que eu estou inerte e esse relógio anda...
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