MISCIGENAÇÃO AMAZÔNICA
Doce ilusão era lembrar aqueles antigos desejos;
Nas curvas daquele rio deliciando suaves beijos;
O vivido olhar que se perdendo pelo rio infinito;
Buscava nas turbulentas águas um amor esvaído;
Aqueles lábios já ressecados por tão fria saudade;
Escondia dentro de si a beleza de tão pouca idade;
Com adereços e pinturas que não mais cintilavam;
Pois não mais existiam os olhos que os admiravam;
O calor das mãos ainda sentia a dor da despedida;
De um homem branco que estremeceu a sua vida;
E hoje, apenas lembranças lhe fazem companhia;
Contudo, jamais esquecerá daquela antiga euforia;
Pois, em seu ventre pulsa um feto com pele clara;
E tão logo nascerá índio branco, coisa não tão rara;