TEMPOS IDOS
TEMPOS IDOS
Passei pelo tempo. Não percebi existisse
pelo caminho andado rosas multicores.
Usei a charrua nos insólitos labores
e cheguei no porto da inércia, na velhice.
Colhi, sim, pela estrada algumas lindas flores,
caravaneiro que fui desde a meninice,
império, quiçá, para cobrir a calvície;
talvez, até, por ver nelas novos amores.
Mas ah! São tempos idos, inda que saudosos;
são grifos lembrando matéria; dela os gozos,
que no destino almejado não têm valor.
Em mim trago as três idades, disse a poetiza
e inda que masturbada saudade infernize
o corpo, são provas suportadas co’amor.