A D O Ç Ã O
A D O Ç Ã O
É quase noite. O sol, ainda uma brasa
viva na fornalha do dia, sóbrio, é o evento;
a brisa fina cai da peneira do vento,
farfalha a folhagem batendo leves asas.
Entanto calor faça, a paz deste momento
insinua candura, e silêncio extravasa;
brincam devaneios no terraço da casa:
são meninos que só existem no pensamento.
A solidão, sua aparente viuvez,
pra quem, na vida, só deu ganho à cupidez,
clama por companhia quando chega a idade.
Pai e mãe – quem gera filhos com sementes suas;
pais nobres – os que adotam os filhos das ruas,
que nunca sentiram na alma o sabor caridade.