Do Meu Pico do Amor.
Do meu Pico do Amor.
O menino subia o Pico do Amor
De lá podia ver a estrada de ferro ao longe.
Ele se perdia contando na ponta dos dedos os vagões que partiam
O apito da locomotiva naquela ultima curva
O menino achava tudo muito bonito o trem, o apito, a fumaça.
Ele não entendia, apenas via o que o trem levava.
Apenas via bem alto seu Pico do Cauê, reluzente e belo.
Ele no centro cercado de serras picos.
Quantas vezes o menino em procissão ali subia
Comandados por dona Maria Monteiro, garrafa em mãos,
Água no pé do cruzeiro traria água na terra.
Assim ela rezava dizia e assim se acreditava
Menino crescendo, menino não sentia o que desaparecia.
O trem insistia e cada vez mais aumentava sua calda
Assim como um a grande serpente ele deslizava lá longe.
Menino contando e já se perdia nos números e ele não sabia...
Não sabia que o trem levava seu Pico do Cauê
Aquela serra imponente e reluzente foi ficando triste sem brilho
Parecia que seu Pico do Amor crescia a cada dia ficando velho.
Mas o menino ainda não sentia.
Não sentia que o seu Cauê é quem sumia.
toninho.jun/2006