Tempo Amuleto
Por mais que sempre diga, e faça, e veja
Que mais veloz que a mão é o meu dia,
Bem sabes que é falácia, é ironia,
Pois que mais que o bolo, és a cereja.
Vagueias nesta veia que enseja
Dar-te todo o Globo; és iguaria
Cujo molde foge à ourivesaria
E a qual carrego onde quer que eu esteja.
Faço pouco: a labuta é lancinante,
Mas pungente é golpe no esqueleto
Que urra à tua honra a todo instante...
Não posso mais deixar-te, meu soneto,
Às escusas que faço juras ante
A rude ausência daquele amuleto!