OLHOS DE ÉBANO
A um curioso par de olhos...
[...] olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
[...]
Às vezes, oh! Sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim parece que o ar lhes falece
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece
Me fazem chorar.
[Gonçalves Dias]
Oh! Que tens nestes olhos que olham pra mim?
Olhos tão belos, tão puros, tão negros,
Talhados no mais branco e denso marfim!
Oh! Que tens nestes olhos que olham assim?
Olhos tão meigos, tão doces, tão frouxos,
Desertos de tantas tristezas sem fim!
Teus olhos que derramam os mistérios
Das trevas em infaustos, ermos jardins,
Cismando em espera a aura, tão sérios
Em pesares dormentes, mágoas afins.
Teus olhos que me banham nos etéreos
Silêncios dessas noites, véus de cetins.
De ébano perscrutam brandos, aéreos
Em amores ocultos, céus de carmim.