O Martírio dos Dias
De tanto que te quis, não quero nada...
Do nada que perdi, tenho um vazio...
Da glória, só um desejo fugidio
De ver nascer, na vida amargurada,
Luzes quaisquer que a vista acinzentada
Inflamem - que desfaçam dia sombrio
Que, desde que te foste, desafio
A não tragar, na boca da alvorada,
Mais um sonho decaído que se vai...
Mais um anjo acordado que, em si, cai...
E vê o que, em outro tempo, era seu Éden:
Fez - se, do leito doce, um cemitério
Dos olhos luzidios, ventre estéril
De espelhos já sem luz que não refletem...