O Martírio dos Dias

De tanto que te quis, não quero nada...

Do nada que perdi, tenho um vazio...

Da glória, só um desejo fugidio

De ver nascer, na vida amargurada,

Luzes quaisquer que a vista acinzentada

Inflamem - que desfaçam dia sombrio

Que, desde que te foste, desafio

A não tragar, na boca da alvorada,

Mais um sonho decaído que se vai...

Mais um anjo acordado que, em si, cai...

E vê o que, em outro tempo, era seu Éden:

Fez - se, do leito doce, um cemitério

Dos olhos luzidios, ventre estéril

De espelhos já sem luz que não refletem...

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 12/01/2010
Reeditado em 10/02/2011
Código do texto: T2024833
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