Na beira do lago, no sopé da serra,
Uma quaresmeira esperta domou a terra;
E todo ano, pelo menos duas vezes
Seus dedos verdes parem cachos lilases.
 
Primavera e verão esse espetáculo vivo,
Tem pássaros tímidos como público cativo.
Dos lépidos regatos tiram aplausos amplos,
Que ressoam forte nos floridos campos.
 
Mas tu que és minha quaresmeira florida
De cujos brotos sou beija-flor refém,
Se abastecendo do doce pólen da vida,
 
Terás em mim um visitador escravo
A buscar o mel que só teus lábios têm
Pois colméia alguma te iguala o favo.

(COMPOSTO NO DIA 30 DE DEZEMBRO, DURANTE O CONGESTIONAMENTO NA SERRA DO MAR)
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 11/01/2010
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