Surreal - I


- Ó! Mundo vil! Incompreensível esta sorte!
Neste covil à espera do termo (menina)!
— Fora abutre infame. Por que lambes meu corte,
e nutre dos meus parcos restos? - Assassino!

A ave do mau, cuja mente cristalina,
vem com a suave língua, (será a morte?)
Sinto a árdua terra e a gélida neblina
Meu coração berra. A cabeça não tem norte.

Será esta uma miragem, visão de cruzes?
No caixão, onde estão as prometidas luzes?
- Ah! Horas de mel a fitar o infinito!...

Mas o esquecido Céu veio me cortar
Nesta hora mórbida, leva-me ao limiar
Sairei deste antro sórdido, pássaro maldito!

Ribeirão Preto, 13 de outubro de 2001.
15h50min.