Fica morena

para Florbela Espanca

Florbela, te vejo assim como pura flor-de-lis

em tardes calmas, refolhando seus botões;

ao teu redor rulando pombos penas gris

como ternos namorados sussurrando nos portões.

Brilhantes dessa terra portuguesa,

sonetos que aprofundam teus segredos,

te arrancam d'alma a cor singela da turquesa

se a angústia não traz num frêmito teus medos.

Tu, que tens a pele branca do marfim

tão polido que reflete teus anseios,

mas é frio como o inverno do teu peito,

vem ficar morena e te aquecer em mim;

como poeta sempre espero em devaneios:

- te dizer o que sinto, tão sem jeito.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 24/07/2006
Reeditado em 24/07/2006
Código do texto: T201136