BICHO-AMOR
BICHO-AMOR
Carmo Vasconcelos
Há uma dor perfurante no meu peito,
Urze que fere mas não deita sangue,
Verme oculto o bebe e me deixa exangue,
Ao nutrir-se de insónias no meu leito.
Bicho-amor, insistente na porfia,
Mói-me as entranhas quando desatina,
Meus nervos dana, minhas forças mina,
E ao mesmo tempo é bem que acaricia.
Tento acalmá-lo com a voz de quem
De longe rasga versos escarlates,
Mimos d’enlace em rendas de açafates...
Mas pede mais... Voraz, não se contém!
Devora-me alma e sangue e não fraqueja,
Na gula desse par-amor que almeja!
***
17/Dezº/2008
***
In E-Book "Sonetos escolhidos II"
***
http://carmovasconcelos.spaces.live.com