Verso parido
Ontem te vi, de perto, e na tua boca havia
Belicoso falar, na silhueta esguia,
Um quê de despedida, minha alma chorou,
Em total desengano o meu sêr calou,
Permaneci em transe temporal, chovia,
Impaciente, tenso, um zumbido ouvia,
Meu corpo a desejar te abraçar, surtou.
Minha boca a desejar, beijos de amor, secou.
Minha mente delirou, senti a tua em chamas,
Decerto por prazer, pura maldade insana,
Fingiu não me querer, um coração banido.
Por esse amor pueril, embora tarde, clamas,
Tua vaidade é tanta, até a ti enganas,
Resultou nesse verso, abissal, parido.